Se você cresceu assistindo aos X-Men no SBT nos anos 90 e início dos anos 2000, certamente guarda na memória momentos icônicos do desenho e, entre eles, a presença imponente de um dos vilões mais marcantes da série: Apocalipse. Misterioso, gigantesco, com uma aura de invencibilidade e frases que soavam quase como profecias, ele fazia o clima mudar sempre que surgia na tela.
Mas quem acompanhou a série com atenção percebeu algo que até hoje gera debates entre fãs: o visual de Apocalipse mudou drasticamente ao longo dos episódios. Para alguns, essa transformação foi tão radical que parecia até a introdução de um personagem diferente, mesmo com o mesmo nome.
Neste artigo, vamos revisitar essa curiosa mudança de aparência, entender como e por que ela aconteceu, relembrar a estética original — apelidada por muitos de “Apocalipse branco brilhante” ou “metálico” — e analisar como ela impactou a forma como o vilão é lembrado no Brasil.

Apocalipse no desenho dos X-Men: a primeira aparência
Quando o personagem fez sua estreia no desenho animado X-Men: A Série Animada (originalmente exibido nos EUA entre 1992 e 1997, e no Brasil pelo SBT a partir de meados da década de 90), o impacto visual foi imediato.
O primeiro Apocalipse que vimos na TV tinha pele clara, quase branca, coberta por uma armadura metálica brilhante que refletia a luz como se fosse feita de prata polida. Sua postura era calma, mas carregada de imponência, e sua voz — modificada por efeitos sonoros na dublagem — parecia ecoar como a de um deus antigo.
Esse visual, aliado à forma enigmática como ele aparecia, transmitia a sensação de que não estávamos diante de um simples vilão, mas de uma entidade superior, quase indestrutível, um símbolo da própria ideia de evolução forçada que ele pregava. Por isso, muitos fãs brasileiros se referem a essa fase como “Apocalipse branco brilhante” ou “Apocalipse metálico”.

A mudança de forma: por que o visual ficou tão diferente?
Conforme a série avançou e Apocalipse ganhou mais destaque nas tramas, seu visual passou por alterações visíveis. Ele passou a ter tons mais escuros, traços faciais mais marcados, ombros e corpo com formas mais agressivas e menos “divinas”. A mudança foi sentida por todos que acompanhavam a série, e não foi fruto do acaso.
Entre os principais motivos estão:
- Mudança no estúdio de animação
A produção de X-Men: A Série Animada foi terceirizada para diferentes estúdios ao longo dos anos. Cada estúdio tinha seu próprio estilo de desenho, uso de cores e técnicas de sombreamento. Isso fez com que, de um episódio para outro, personagens tivessem variações notáveis — e, no caso de Apocalipse, essas variações foram mais radicais por conta do seu design incomum. - Evolução narrativa do personagem
No início, Apocalipse era mais um enigma do que um inimigo direto. Sua presença misteriosa pedia um visual mais simbólico, quase celestial. Com o tempo, quando passou a interagir mais com os X-Men, liderar batalhas e ter arcos mais longos, optou-se por um visual mais intimidador e agressivo, condizente com cenas de ação intensa.
A reação dos fãs: “Não era mais o mesmo Apocalipse!”
Nas comunidades de fãs, tanto no início dos anos 2000 quanto hoje, em fóruns e redes sociais, esse é um dos tópicos mais comentados sobre a série. Muitos afirmam que, no Brasil, a mudança de aparência foi ainda mais impactante porque o desenho era exibido fora de ordem cronológica no SBT, o que fazia o público ver um Apocalipse “branco brilhante” em um episódio e, logo no seguinte, um Apocalipse “escuro e musculoso” — sem qualquer explicação na trama.
Essa alternância repentina causava estranheza, especialmente para quem associava o visual metálico ao ápice do poder do vilão. Alguns até diziam que o novo design o deixava “menos divino” e mais “humano”, diminuindo um pouco aquela aura quase mítica que ele possuía.
Apocalipse além do desenho: o legado do vilão
Mesmo com as mudanças visuais, Apocalipse permaneceu como um dos vilões mais icônicos e temidos da franquia X-Men. Sua filosofia de eliminar os fracos e acelerar a evolução da espécie humana para criar um mundo de sobreviventes continua sendo uma das mais sombrias e marcantes ideias no universo Marvel.
O personagem também ganhou destaque em outras mídias:
- Nos quadrinhos, onde é ainda mais imponente e com poderes quase ilimitados.
- Em jogos de videogame, como X-Men vs. Street Fighter e Marvel: Future Fight.
- No cinema, com X-Men: Apocalipse (2016), embora a recepção ao visual nessa versão tenha dividido opiniões.
Independentemente da forma, Apocalipse continua sendo lembrado com frases que marcaram gerações, como:
“Eu sou o começo e o fim… Eu sou Apocalipse!”
Conclusão: mudança intencional ou acaso?
A resposta está no meio-termo. A equipe criativa não planejou dentro da narrativa que Apocalipse “mudaria de forma” como parte de sua história, mas as diferenças entre estúdios de animação e a evolução de sua função na série acabaram justificando a transformação.
O que importa, no fim, é que, para quem viveu a era de ouro dos desenhos animados no SBT, Apocalipse segue sendo um símbolo de poder absoluto e nostalgia — seja na sua forma branca e metálica, seja no design mais sombrio e agressivo.