Quando a Samsung anunciou o Galaxy Grand Prime em setembro de 2014, a proposta era clara: oferecer uma experiência “premium acessível” a quem desejava uma tela grande, boas câmeras e conectividade 4G, mas sem gastar tanto. O nome “Grand” dava a entender que se tratava de um celular imponente e competente dentro da categoria intermediária. Porém, o que parecia ser uma grande oportunidade revelou-se um enorme equívoco. O Grand Prime vendeu bem no começo, mas ficou marcado como um dos maiores erros da história da fabricante sul-coreana, deixando um rastro de frustrações, lentidão e insatisfação.
Design:
O design do Galaxy Grand Prime era totalmente genérico. Seu corpo era feito inteiramente de plástico, com molduras largas e espessura de 8,6 mm, transmitindo a sensação de um aparelho robusto, mas antiquado. Visualmente, parecia quase idêntico a dezenas de outros modelos da Samsung da época, com o botão físico central abaixo da tela e dois botões capacitivos para voltar e multitarefas. A tampa traseira removível transmitia fragilidade, e muitos usuários relatavam que, com o passar do tempo, surgiam folgas, rangidos e desgaste no encaixe da bateria. Outro detalhe problemático era o aquecimento. O Grand Prime esquentava facilmente, mesmo em tarefas simples como assistir vídeos ou navegar na internet, algo que incomodava bastante na prática. O visual podia até cumprir a função de ser “limpo”, mas estava longe de se destacar ou transmitir qualidade.

Tela:
Um dos maiores motivos de reclamação em relação ao Grand Prime foi a tela. Em uma época em que concorrentes como Motorola e Asus já ofereciam painéis HD mesmo em aparelhos intermediários, a Samsung lançou o Grand Prime com um painel TFT de 5 polegadas e resolução qHD de 960×540 pixels, muito abaixo do esperado. A densidade de pixels de apenas 220 ppi fazia com que textos e ícones parecessem serrilhados, prejudicando a leitura e o uso do dia a dia. As cores eram lavadas, pouco vibrantes, e o contraste inexistia, deixando as imagens sem vida. O brilho era fraco, tornando o uso sob luz solar direta quase impossível, e os ângulos de visão eram péssimos. Bastava inclinar o aparelho um pouco para as cores distorcerem visivelmente. Mesmo para tarefas simples, como navegar na internet ou assistir vídeos no YouTube, a experiência era inferior ao que se esperava, até mesmo para aparelhos de entrada da época.
Desempenho:
O desempenho do Galaxy Grand Prime foi tudo, menos “grandioso”. Equipado com o Snapdragon 410, um processador quad-core de 1,2 GHz, aliado a apenas 1 GB de RAM, o aparelho já nasceu limitado. Na prática, o celular travava para praticamente qualquer tarefa. Abrir dois aplicativos ao mesmo tempo era pedir demais. Apps simples, como WhatsApp, Galeria ou até o discador, demoravam a abrir, e animações do sistema Android engasgavam frequentemente. Jogos leves, como Subway Surfers ou Temple Run, rodavam com muita dificuldade, com quedas de quadros e lentidão constantes. A GPU Adreno 306, presente no chip, não dava conta de tarefas mais exigentes, e a situação piorou ainda mais depois da atualização para o Android 5.1.1 Lollipop. Embora o Lollipop trouxesse melhorias visuais, ele exigia mais memória e processamento, deixando o Grand Prime ainda mais lento. Muitos usuários relatavam que até mesmo operações básicas, como atender ligações, eram acompanhadas de engasgos ou demoravam a responder. Em resumo, o Grand Prime foi um celular lento desde o primeiro dia e ficou praticamente inutilizável com o passar dos meses.
Armazenamento:
Se o desempenho já era limitado, o armazenamento conseguia ser ainda mais problemático. O Galaxy Grand Prime foi lançado com 8 GB de espaço interno, mas apenas cerca de 3,5 GB ficavam livres para o usuário, pois o restante era ocupado pelo sistema operacional e pelos aplicativos pré-instalados. Esse espaço se esgotava rapidamente, principalmente depois das primeiras atualizações de aplicativos como WhatsApp, Facebook ou Instagram. Muitos usuários se viam obrigados a desinstalar um aplicativo para conseguir instalar outro. Embora o aparelho oferecesse suporte a cartões microSD, nem todos os aplicativos podiam ser transferidos para o cartão, o que deixava o problema parcialmente resolvido. O aviso de “armazenamento insuficiente” tornava-se constante, transformando o uso do celular em um verdadeiro exercício de paciência e frustração.
Câmeras:
A Samsung tentou vender o Grand Prime como uma opção interessante para selfies, destacando sua câmera frontal de 5 MP, algo raro para aparelhos da época. Porém, na prática, a câmera frontal entregava fotos esbranquiçadas, com pouca nitidez e muitos ruídos, principalmente em ambientes internos ou com pouca luz. O foco era fixo, sem qualquer recurso avançado ou efeito especial. Já a câmera traseira, com 8 MP, também deixava muito a desejar. As fotos apresentavam cores apagadas, excesso de ruído, e o tempo de foco era lento, tornando impossível registrar momentos espontâneos. Em ambientes bem iluminados, até conseguia capturar imagens aceitáveis, mas bastava qualquer variação na luz para a qualidade despencar. As gravações em vídeo, apesar de alcançarem resolução Full HD, tinham aspecto granulado e tremido, parecendo vídeos em resolução muito inferior. No fim, as câmeras do Grand Prime só serviam para registros casuais sem qualquer pretensão de qualidade.

Bateria:
A bateria de 2.600 mAh foi, para muitos usuários, o único ponto positivo do Grand Prime. Graças ao processador pouco exigente e à tela de baixa resolução, o consumo de energia era relativamente baixo. Era possível chegar ao final do dia com uso moderado, realizando ligações, enviando mensagens e navegando eventualmente na internet. Em uso leve, o aparelho até aguentava dois dias longe da tomada. Entretanto, a recarga era muito lenta, pois o carregador de apenas 0,7 A fazia o processo demorar cerca de três horas. Além disso, após alguns meses de uso, muitos usuários relataram que a bateria começava a perder capacidade, algo comum nos modelos da época. Mesmo assim, comparado aos outros aspectos do Grand Prime, a autonomia foi o único alívio para quem insistiu em usá-lo por mais tempo.
Atualizações, Longevidade e Abandono
O Galaxy Grand Prime chegou ao mercado com Android 4.4 KitKat e recebeu somente uma grande atualização oficial para o Android 5.1.1 Lollipop. Depois disso, a Samsung abandonou completamente o modelo, sem oferecer novas versões do sistema, correções de segurança ou qualquer suporte adicional. O resultado foi que, à medida que os aplicativos evoluíram e ficaram mais pesados, o Grand Prime tornou-se rapidamente incompatível com diversos apps. Até funções simples, como usar o GPS ou fazer ligações via WhatsApp, passaram a apresentar falhas ou a simplesmente não funcionar corretamente. A falta de atualizações comprometeu a segurança, a estabilidade e a experiência do usuário. Quem insistiu em continuar usando o aparelho se deparou com um sistema ultrapassado, lento e cada vez mais limitado.
A Experiência Real do Usuário
Se há algo que marcou a história do Galaxy Grand Prime foram os relatos desesperados de seus donos. Em fóruns, vídeos no YouTube e comentários em sites especializados, abundam histórias de frustração. Muitos usuários diziam que o celular travava até para atender ligações. Outros relatavam que não conseguiam manter mais de dois aplicativos instalados, ou que o teclado demorava tanto para responder que era impossível digitar uma simples mensagem no WhatsApp. Era comum ouvir frases como “Comprei achando que era bom, mas me arrependi no primeiro mês” ou “Com seis meses de uso, eu só queria jogá-lo na parede.” O Grand Prime se tornou, para muita gente, sinônimo de arrependimento.
Por Que o Galaxy Grand Prime Foi Tão Ruim?
O Grand Prime foi um exemplo clássico de como um celular não deve ser desenvolvido. Não foi apenas o hardware modesto que o condenou, mas a soma de vários erros. O conjunto todo era mal equilibrado. O hardware fraco não suportava o sistema Android de forma fluida. A memória interna era ridiculamente pequena para os padrões da época, e as câmeras entregavam resultados muito aquém do prometido. A tela ruim completava o quadro, tornando a experiência geral frustrante. O maior problema foi que a Samsung vendeu o aparelho com a promessa de um smartphone grande, moderno e capaz, mas entregou um produto limitado em praticamente todos os aspectos.
Conclusão:
O Galaxy Grand Prime é uma mancha no histórico da Samsung. Ele ficou para a história como um exemplo de como não adianta lançar um celular só pelo marketing, sem oferecer um conjunto equilibrado de desempenho, câmera, armazenamento e experiência geral. Apesar disso, foi um aprendizado para a fabricante, que anos depois reformulou completamente suas linhas intermediárias e de entrada, criando aparelhos muito mais competitivos, como as séries Galaxy J, A e M. Para o consumidor, o Grand Prime serviu como alerta para não acreditar somente em propagandas bonitas. Afinal, um nome grandioso não garante um bom smartphone. E o Grand Prime, sem dúvida, ficou para sempre marcado como um dos piores celulares que a Samsung já fez.