Quando a Samsung anunciou o Galaxy Tab A9 no final de 2023, a proposta era clara: oferecer um tablet acessĂvel, moderno e funcional para tarefas do dia a dia. Voltado principalmente para estudantes, usuários casuais e consumidores com orçamento limitado, o modelo chegou com a promessa de ser um “companheiro digital eficiente” em tempos de ensino remoto, entretenimento online e conectividade constante.
No entanto, ao usar o Tab A9 por algumas semanas, fica evidente que ele não foi feito para ir além do básico. Embora tenha pontos positivos, como boa autonomia de bateria e construção aceitável, ele entrega uma experiência limitada em quase todos os outros aspectos, especialmente em tela, desempenho e câmeras.
đź§± Design: Simples, Funcional, Mas Sem Nenhum Brilho
O Galaxy Tab A9 tem um visual discreto, com corpo em plástico fosco que tenta passar um ar de sobriedade, mas não escapa da sensação de simplicidade extrema. O acabamento é limpo, as bordas são finas (pelo menos nas laterais) e o tablet até parece moderno visto de longe. No entanto, ao segurá-lo, é fácil perceber que se trata de um produto básico, com sensação tátil simples e ausência de refinamento.
Apesar de leve (366g), o uso prolongado causa desconforto nas mĂŁos, especialmente durante leitura em modo retrato. O posicionamento dos botões Ă© funcional, e a traseira esquenta visivelmente apĂłs longas sessões de uso, como chamadas de vĂdeo ou maratonas de streaming. Esse aquecimento nĂŁo chega a ser alarmante, mas Ă© um sinal de que o gerenciamento tĂ©rmico do aparelho nĂŁo Ă© dos melhores.
📺 Tela: O Ponto Mais Fraco da Experiência
A tela Ă©, sem dĂşvidas, o calcanhar de Aquiles do Galaxy Tab A9. Com um painel TFT LCD de 8,7 polegadas e resolução WXGA+ de 1340 x 800 pixels, o dispositivo entrega imagens lavadas, sem contraste e com cores apagadas. A densidade de pixels Ă© baixa, e textos ou Ăcones aparecem levemente serrilhados. Para consumo de mĂdia, como Netflix ou YouTube, a experiĂŞncia Ă© mediana — e decepcionante para quem está acostumado com telas AMOLED ou IPS de outros dispositivos.
Os ângulos de visão são limitados: basta inclinar o tablet levemente para notar distorção nas cores. A visibilidade sob luz forte ou externa é ruim, mesmo com o brilho no máximo. Não há suporte a HDR, nem qualquer melhoria de imagem via software. Em pleno 2025, a tela do Tab A9 se comporta como a de um tablet lançado há cinco anos.
⚙️ Desempenho: Bom Para o Básico, Mas Só Isso
Equipado com o processador MediaTek Helio G99, um octa-core eficiente com litografia de 6 nm, o Tab A9 atĂ© entrega fluidez aceitável para tarefas simples. Navegar na web, assistir vĂdeos, usar apps de leitura e redes sociais acontecem com boa resposta na maioria do tempo.
Entretanto, com apenas 4 GB de RAM na versĂŁo básica, o multitarefa Ă© limitado. Trocar entre aplicativos frequentemente resulta em recarregamentos, pequenos engasgos e perda de fluidez. A versĂŁo com 8 GB de RAM melhora bastante a experiĂŞncia, mas a diferença de preço pode tirar o apelo do custo-benefĂcio.
Jogos leves como Free Fire, Clash of Clans ou Candy Crush rodam sem grandes problemas, mas tĂtulos mais exigentes, como PUBG ou Call of Duty Mobile, apresentam travamentos, gráficos reduzidos e atĂ© fechamento inesperado. A GPU Mali-G57 atĂ© tenta acompanhar, mas nĂŁo foi feita para alto desempenho gráfico.
Mesmo as animações da One UI Core mostram lentidão com o tempo, especialmente se atualizações forem acumuladas. Trata-se de um tablet claramente limitado para tarefas simples e que não deve ser usado para produtividade ou jogos pesados.
đź’ľ Armazenamento: Restrito, Mas ExpansĂvel
O Galaxy Tab A9 vem com 64 GB ou 128 GB de armazenamento interno, dependendo da versão. No modelo de 64 GB, o sistema ocupa quase 18 GB, restando pouco espaço para instalar aplicativos, guardar fotos ou baixar arquivos offline.
Apesar de contar com expansĂŁo via microSD de atĂ© 1 TB, a limitação do Android (e da prĂłpria Samsung) em mover aplicativos para o cartĂŁo SD continua sendo um problema. Muitos usuários se deparam com a mensagem de “armazenamento cheio” apĂłs poucos meses de uso, mesmo utilizando cartĂŁo de memĂłria.
Se a ideia Ă© baixar vĂdeos do YouTube, sĂ©ries da Netflix ou instalar muitos jogos, prepare-se para gerenciar constantemente o que pode ou nĂŁo ficar instalado.
📷 Câmeras: Uma Simples Formalidade
Câmeras em tablets raramente sĂŁo destaque — e no Galaxy Tab A9 isso Ă© levado ao pĂ© da letra. A câmera traseira tem 8 MP, foco automático e grava em Full HD. Em boas condições de luz, entrega imagens utilizáveis. Fora isso, o ruĂdo Ă© evidente, o foco Ă© lento, e qualquer tentativa de fotografar documentos em baixa luz resulta em imagens embaçadas.
A câmera frontal de 2 MP é quase simbólica. Em videochamadas, a imagem é granulada, escura e sem definição. Mesmo com iluminação adequada, o resultado decepciona. Em ambientes internos, pior ainda. Muitos usuários optam por usar o microfone e desativar a câmera em reuniões — o que diz muito sobre a qualidade.
🔋 Bateria: O Que Segura a Experiência
O ponto forte do Galaxy Tab A9 Ă©, sem dĂşvidas, sua bateria de 5.100 mAh. O tablet Ă© econĂ´mico e consegue entregar atĂ© 10 horas de uso moderado. Em leitura, redes sociais e vĂdeos ocasionais, ele pode aguentar atĂ© dois dias longe da tomada.
Contudo, o carregamento é lento. Com suporte de apenas 15W, o tempo para uma carga completa é de cerca de 2h30 a 3h, o que é frustrante se você precisa de carga rápida em meio ao dia. Não há carregador turbo incluso na caixa, o que torna o processo ainda mais demorado se você usar um adaptador genérico.
🔄 Atualizações e Longevidade
A Samsung promete duas atualizações de sistema e quatro anos de atualizações de segurança para o Tab A9, mas na prática, esses updates costumam demorar ou perder prioridade. Por ser um modelo de entrada, é provável que ele fique ultrapassado mais cedo do que tablets mais caros da linha Galaxy Tab S.
Com o Android ficando cada vez mais exigente, o desempenho do tablet deve degradar com o tempo, principalmente na versão de 4 GB de RAM. A obsolescência será inevitável dentro de 2 a 3 anos.
🎯 A Experiência Real do Usuário
Nos primeiros dias, o Galaxy Tab A9 até surpreende. Ele parece rápido, leve, cumpre o básico e tem bateria duradoura. Mas, conforme o uso aumenta, os problemas surgem: espaço interno limitado, lentidão no multitarefa, engasgos em apps mais pesados, tela com qualidade inferior e câmeras quase inúteis.
Relatos de usuários mostram que muitos compraram o Tab A9 para estudar ou assistir aulas online, mas se frustraram com a qualidade da imagem e a lentidão em apps como Google Meet ou Microsoft Teams. A câmera frontal fraca e a tela opaca tornam até videochamadas uma tarefa desagradável. Para quem esperava um tablet para substituir um notebook básico, a experiência se revela insuficiente.
📝 Conclusão: Vale a Pena?
O Galaxy Tab A9 vale a pena apenas para quem tem expectativas muito modestas. Ele Ă© bom para leitura, vĂdeos no YouTube, redes sociais e apps educacionais básicos. Mas qualquer tarefa mais exigente — como produtividade, multitarefa, jogos 3D ou uso profissional — rapidamente esbarra nos seus limites.
Para crianças, uso escolar ou como segunda tela, ele pode funcionar bem. Mas se você espera algo mais versátil, duradouro e poderoso, talvez seja melhor juntar um pouco mais e partir para um Galaxy Tab A9+, Tab S6 Lite ou até opções de outras marcas com painel IPS ou OLED.